terça-feira, 30 de junho de 2020

18. Música Popular Brasileira

Caricatura com alguns músicos da  MPB
Com o fim do governo de Juscelino Kubitschek em 1961, encerrou-se um período marcado pelo otimismo na sociedade. A política desenvolvimentista de JK, financiada pelo capital estrangeiro, acabou provocando uma crise econômica que se estenderia para os próximos eleitos. Assim, a faixa foi passada para Jânio Quadros, que só governou o país por sete meses, renunciando em 21 de agosto de 1961, por pressão de militares. O vice-presidente eleito era João Goulart, que assumiu o poder após a renúncia de Jânio, era considerado uma ameaça pelos setores conservadores da sociedade por ter vínculos com partidos de esquerda.
O governo de João Goulart foi marcado por reformas de base, contando com maior intervenção do Estado. Em meados de 1963, começou uma movimentação militar no país, com rebeliões de alguns sargentos. No entanto, o presidente se manteve neutro, e cresceu a oposição militar a seu governo. Assim, em março de 1964, os militares deram início a um Golpe de Estado e no dia 1º de abril tiraram do poder o presidente democraticamente eleito, que se exilou no Uruguai. Começava o período da Ditadura Militar no país.
Reunião da CPC
Diante dessa conjuntura política extremamente conturbada, a música popular brasileira se transformou. A bossa nova era o principal gênero nesses anos, porém era marcada pelo otimismo do governo JK. Em 1962, houve uma cisão entre os bossanovistas, devido a tantos questionamentos sobre a influência externa na música nacional, quanto à ausência de temas políticos em suas letras. A segunda geração desses músicos iniciou-se nessa divisão e foi fortemente influenciada pelo Centro Popular de Cultura (CPC), uma organização associada à União Nacional de Estudantes (UNE). O CPC foi criado por intelectuais ligados à esquerda e tinha como propósito a produção e a divulgação de arte revolucionária. Quanto à música, gravava discos, e organizava shows, para os quais eram convidados sambistas do morro, como Cartola, e outros, como Vinícius de Moraes, autor do hino da UNE.
UNE Volante - Reprodução
João da Silva ou falso nacionalista – Nora Ney. Composição: Billy Blanco. Música disponível em compacto produzido pelo CPC:
A partir de 1962, diante da conjuntura política no país, somada às críticas de que a bossa nova seria um estilo musical não apenas influenciado pelo exterior, mas também voltado para ele, a música brasileira passa por um período de críticas, em que se propõe a politização das canções e um resgate ao nacionalismo. Assim, em 1965, já sob o regime autoritário da Ditadura Militar, surge a Música Popular Brasileira, a MPB.
Grileiro Vem, Pedra Vai! - Raphael de Carvalho. Música disponível em compacto produzido pelo CPC.
A MPB, grafada em letras maiúsculas como se fosse um gênero específico, propunha-se sintetizar a tradição musical brasileira. Ela foi um elemento cultural e ideológico importante na revisão da tradição e da memória, que estabeleceu novas bases de seletividade, julgamento e consumo musical, principalmente para os mais jovens e intelectualizados da classe média. Buscou-se com a MPB uma valorização das tradições do povo, do morro, do sertão brasileiro, mas não como um movimento de folclorização do povo, não como uma “reserva cultural” diante da modernização pela qual caminhou o país, mas sim pela reorientação da busca pela consciência nacional moderna.Esse contexto é fundamental para compreender as canções, atitudes e performances que surgiram em torno do gênero, sua ruptura com a bossa nova, nacionalizando-a, e a incorporação e esquerdização de um pensamento nacionalista.
Foto do retorno de Chico Buarque do Exílio na Itália
Hino da UNE – Vinícius de Moraes.
O novo gênero incorporou grandes nomes da bossa nova, como Vinícius de Moraes, Baden Powell, Nara Leão, Edu Lobo, Geraldo Vandré, entre outros, e agregou novos músicos, como Elis Regina,Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros. A MPB foi pensada a partir da estratégia de nacionalização da bossa nova, e com suas canções buscava uma maior comunicabilidade e popularidade, porém sem abandonar o novo lugar social conquistado pela música brasileira. A memória da bossa nova não foi esquecida, em especial a da segunda geração (como Edu Lobo), mas incorporou-se a ela a bossa renegada do bolero e do hot-jazz (como Elis Regina). Além disso, também se resgatou o samba urbano dos anos 30 (por Chico Buarque e outros), bem como outros gêneros, como os nordestinos, do sertão etc.
Arrastão – Elis Regina. Composição: Edu Lobo e Vinícius de Moraes.
https://youtu.be/oqsR46k-FM0
Elis Regina

A MPB adotou um tom nacionalista em suas canções, e por isso foi bastante criticada, mas não foi tão purista e xenófoba quanto a crítica e a historiografia muitas vezes afirmam. Inicialmente, o Tropicalismo, movimento que surgirá em 1967, será muito crítico à MPB nacionalista e engajada politicamente. Essas críticas foram muito duras,porém, quando analisamos as canções da MPB desse período, encontramos uma mescla cultural, que muitas vezes traz em uma única canção elementos considerados autoexcludentes pelas correntes mais tradicionais, como nacionais e estrangeiros, eruditos e populares.
Wilson Simonal
Durante esse período, aconteceram os grandes festivais da música popular brasileira, que transformaram-se numa “febre”, envolvendo músicos ligados tanto à MPB quanto ao Tropicalismo. 
Elis Regina e Milton Nascimento

FORRÓ
O forró é uma dança popular de origem nordestina. Esta dança é acompanhada de música, que possui o mesmo nome da dança. A música de forró possui temática ligada aos aspectos culturais e cotidianos da região Nordeste do Brasil.
De acordo com pesquisadores, o forró surgiu no século XIX. Nesta época, como as pistas de dança eram de barro batido, era necessário molhá-las antes, para que a poeira não levantasse. As pessoas dançavam arrastando os pés para evitar que a poeira subisse.
Luiz Gonzaga - Vem Morena: https://www.youtube.com/watch?v=5xzWr1iYE2k
Embora seja tipicamente nordestino, o forró espalhou-se pelo Brasil fazendo grande sucesso. Foram os migrantes nordestinos que espalharam o forró, principalmente nas décadas de 1960 e 1970.
Forró também é um dos gêneros musicais da festa forró, o qual foi criado por Luiz Gonzaga em 1958. A dança do xote (dois pra lá e dois pra cá) passou a acompanhar as músicas desse novo gênero e a ser chamada de dança do forró.

Na década de 2010 surgiu uma nova geração de bandas de forró que apostaram em um ritmo mais lento do que o que se conhecia no forró até então, e em letras que falavam de romantismo e de temas considerados mais populares entre as populações das periferias das cidades do Nordeste brasileiro.

Embora a existência de letras românticas não fosse nenhuma novidade no forró moderno, remontando a bandas da década de 1990 como Limão com Mel, Mastruz com Leite e Calcinha Preta, entre outras, esta nova geração de bandas se destacou por representar uma "retomada" do romantismo após um período em que esta temática esteve em baixa entre as bandas de forró de maior sucesso entre o público, e principalmente pela inovação do ritmo mais lento.
Atualmente, existem vários gêneros de forró: forró eletrônico, forró tradicional, forró universitário e o forró pé de serra.
Dominguinhos - Eu só quero um xodó: https://www.youtube.com/watch?v=7SxRCcu7O28
Morena Tropicana Alceu Valença: https://www.youtube.com/watch?v=fCEJSV9r1Vc
Na década de 2010 surgiu uma nova geração de bandas de forró que apostaram em um ritmo mais lento do que o que se conhecia no forró até então, e em letras que falavam de romantismo e de temas considerados mais populares entre as populações das periferias das cidades do Nordeste brasileiro.
Embora a existência de letras românticas não fosse nenhuma novidade no forró moderno, remontando a bandas da década de 1990 como Limão com Mel, Mastruz com Leite e Calcinha Preta, entre outras, esta nova geração de bandas se destacou por representar uma "retomada" do romantismo após um período em que esta temática esteve em baixa entre as bandas de forró de maior sucesso entre o público, e principalmente pela inovação do ritmo mais lento.
MÚSICA BREGA
Brega é um gênero musical brasileiro.
Sua definição como estética musical tem sido um tanto difícil, pois não há um só ritmo musical propriamente "brega". É muito usado para designar a música romântica popular de "baixa qualidade", com exageros dramáticos ou ingenuidade. O samba-canção, bolero e jovem-guarda foram vinculados a esta estética, atualmente o brega envolve forró, kizomba, zouk, funana além do twist modernizado que batizaram de forma aportuguesada de tecno-brega.
Reginaldo Rossi, auto intitulado o Rei do Brega
Não se sabe ao certo a origem musical do "brega". Críticos apontam alguns precursores do "estilo" em cantores das décadas de 1940 e 1950, que seguiam, através do bolero e do samba-canção, uma temática mais "romântica. Entre os quais, Orlando Dias, Carlos Alberto e Cauby Peixoto.

Durante a década de 1960, a música romântica de artistas oriundos basicamente das classes mais populares passou a ser considerada cafona e deselegante.
Isso foi especialmente reforçado pelas grandes transformações vivenciadas pela música popular do país naquele período (MPB, Tropicália e Jovem Guarda).
A partir da década de 1980, o termo "brega" passou a ser cunhado largamente na imprensa brasileira pelos meios de comunicação para designar, de maneira pejorativa e preconceituosa, música sem valor artístico para eles. Embora sem uma conceituação aprofundada, a pecha servia para designar uma "música de mau gosto, geralmente feita para as camadas populares, com exageros de dramaticidade e/ou letras de uma insuportável ingenuidade. Era o caso por exemplo do trabalho de cantores da linha romântica "cafona", como os ainda populares Amado Batista e Wando, ou de outros cantores românticos constantemente presentes em programas de auditório da televisão, como Gilliard, Fábio Junior e José Augusto.
Amado Batista - O fruto do nosso amor: https://www.youtube.com/watch?v=a1esin8BdDw
Wando - Fogo e Paixão: https://www.youtube.com/watch?v=bxdcPMCJb3w
Amado Batista
 
A chegada à década de 1990 levou o "brega" a mais fusões e confusões em torno da conceituação.
Nessa década, uma série de artistas passou a se assumir como "bregas". Um dos mais notórios foi Reginaldo Rossi, autoproclamado "Rei do Brega". Dentro da tradicional linha romântico popular, Reginaldo Rossi mantinha-se como uma espécie de "contraponto nordestino" para Roberto Carlos.
A canção Garçom transformou-o subitamente em sensação no Sudeste, ajudando a detonar uma onda de reavaliação do brega.
Nos anos 2000, outros "cafonas" receberam reconhecimento, como Odair José, que ganhou álbum-tributo do qual participam Pato Fu, Mundo Livre S/A e Zeca Baleiro.
Reginaldo Rossi - Garçom (Oficial): https://www.youtube.com/watch?v=8Xe8gApDRgU
Em 1991 o arquiteto, humorista, cantor, apresentador, ator, compositor brega e filósofo Marcondes Falcão Maia, conhecido pelo nome artístico Falcão apresentou um novo conceito de brega, com o disco Canto Bregoriano e o estilo “brega mais chique”.
Capa do disco "SUCESSÃO DE SUCESSOS QUE SE SUCEDEM SUCESSIVAMENTE SEM CESSAR"
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. Reimpressão da 2a. ed. SãoPaulo: Publifolha, s.d. (Disponível em: https://play.google.com/store/books/details/Andr%C3%A9_Diniz_Almanaque_do_choro?id=1GcE9Cz9QC4C)
TINHORÃO, J. R. História Social da Música Popular Brasileira. São Paulo: Ed. 34, 1998.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
ANDRADE, M. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo, Martins, 1965.
MARIZ, V. História da Música no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2008.
SEVERIANO, J. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. Editora 34, 2006
WISNIK, J. M. O Coro dos Contrários. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1983.
Página Forró do Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Forr%C3%B3

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